Artigo No. 8
DA AFINAÇÃO DE MINHA VITROLA - Parte 2
Por Holbein Menezes
05 fev. 2023
(publicado originalmente em 22 jul. 2009, sob o número 172)
Com a morte inesperada de Jarina, ainda abilolado com sua perda, aturdido, mas já afortunadamente apoiado nas mãos amorosas de Hermosa Maria, deixamos a Lagoa da Conceição e regressamos à Fortaleza, onde fomos morar na Rua Frei Mansueto, na confrontação da (in)mansuetude da Avenida da Abolição. Talvez a esquina mais barulhenta do Brasil. Deve ganhar em ruídos ensurdecedores produzidos por gigantescas carretas de muitas rodas que transitam a qualquer hora do dia ou da noite com destino ao cais do Porto. Deve ganhar até das esquinas da N.S. de Copacabana com Santa Clara no Rio. Ou Ipiranga com São João em São Paulo. Ainda assim, no apê alugado e em um de seus quartos construí a gesso-filled number one, que soava bem... mas não soava ótimo. E era o ótimo o que sempre perseguira na afinação de minha vitrola. Por isso, antes do tempo final do contrato de locação “sartei” fora – pela graça de meu poderoso santo padim pade ciço e uma baita multa contratual. E vim para cá, para este bairro plácido do Papicu sobre o parque do Cocó, a última reserva florestal de Fortaleza que políticos e ex-governadores do Estado teimam porque teimam acabar com ela...\
Aqui no Cocó construí a gesso-filled number two. Já divulguei no logos eletrônico foto dessa saleta (aqui), com seu engenhoso sistema disciplinador de reverberação projetado pela pro-acustic do Maurício Grassmann (tel. 11.3023.4742). Sistema de reverberação que me levou ao insight de que sala de alvenaria nenhuma ressoa: o que produz ressonâncias são os sonofletores... de madeira!
A característica principal de uma sala de alvenaria é a reverberação, inclusive dos tons de baixa frequência conhecidos como ressonâncias, tons ressoantes gerados pela vibração das caixas de madeira, torno a dizer; uma vez que, eliminadas as ressonâncias na fonte – com a construção de caixas de material não ressonante tais como tijolo, concreto, mármore, ferro etc. – qualquer sala torna-se boa para a música em conserva; claro, se corretamente disciplinada quanto à reverberação.
Impõe-se a pergunta, ora, e o que torna ótimo um sistema eletrônico para a reprodução do som musical se não são sala nem sonofletores, nem as marcas dos aparelhos?
Poderia dizer a você, meu paciente leitor, numa sintética e quase exclusiva palavra: eletricidade! Porém, antes de eu desenvolver minha alucinógena tese da eletricidade, atente para as considerações abaixo, que vão entre colchetes por tratar-se de “segredo” entre si e mim.
[Em primeiro lugar há que ajustar o sistema à situação concreta do seu dono, ou seja: a. considere seu gosto pessoal e peculiar em música, porquanto a equalização da sala para pop deve ser diferente da equalização para erudito; jazz e MPB requerem mais brilho do que música erudita, pois esta pede mais definição e, por conseguinte, ótima articulação nas baixas frequências; b. leve em conta a curva audiométrica das suas oiças, pois todos perdemos acuidade auditiva com o passar dos anos; c. por fim, apesar de não ser decisivo, não subestime o tamanho físico do ambiente de escuta; ainda que não essencial, se puder, faça-o nas medidas do Segmento Áureo].
“Ajustar ao gosto” não é a mesma coisa que macarrão ao dente. É apetrechar a sala para o gênero de música do gosto maior de seu dono, ou, parodiando a RCA, His master taste.
Ainda a propósito do tamanho e do tratamento do ambiente, devo dizer que não adianta querer, nem a custo de muito dinheiro despendido com aparelhos de grife, nem com as centenas de watts gerados por aparelhos de grande porte, nem mesmo importando técnicos em Acústica do além-mar, pois não adianta querer alojar cinquenta, oitenta ou cem músicos em 35m2, que é a área das medidas do Segmento Áureo para pé-direito de três metros; simplesmente porque em trinta e cinco metros quadrados não cabem tanta gente!
Com isso tenho a coragem de afirmar que se o ambiente é reduzido e não se pode dispor de outro, então reduza correspondentemente a wattagem de seus aparelhos – para salas pequenas uns poucos watts bastam! – e, sobretudo, simplifique os caminhos do sinal. Em tais ambientes pequenos o sistema eletrônico pode se constituir de apenas o ledor e o amplificador, em ligação direta um com outro; isso se o ledor possuir controle de intensidade, como acontece com o excelente OPPO. E não faça uso de falantes difíceis...
Ora, leitor amigo, sonofletores “difíceis” são aqueles que requerem amplificadores de grande potência para desempenhar bem. E por que razão são “difíceis”, porventura você sabe? Porque dentro das caixas de som foi posta uma “máquina de comer” sinal de áudio, os famigerados divisores de frequência, passivos, cujos componentes – bobinas e resistores de ajuste –, transformam em calor grande parte dos sinais de áudio. Quer dizer, é como usar automóvel de dezenas cavalos para transitar nas ruas de São Paulo; ou, em cearês, é o mesmo que servir alfafa para jumentos correrem velozes... no cipoal escasso da seca caatinga!
* * *
Toda essa minha cisma começou na sala de 50 m2 da Praça Dr. Del Vecchio, no Rio Comprido, no Rio. Então, como já disse, atribuía importância demasiada ao ambiente de escuta. Se examinar bem a fotografia da sala, publicada na I Parte deste artigo (veja Jornal 171), meu leitor observará um sem-número de macetes acústicos que se destinavam a otimizá-la:
- dispersores (telhas de amianto) fixados ao longo da parede de tijolos, estes já assentados de forma não nivelada – um tijolo em relação ao outro, isto para lograr boa dispersão;
- cinco placas refletoras de gesso, penduradas no teto, inclinadas, com vistas a criar a situação projetiva das tão decantadas conchas acústicas;
- o próprio teto foi revestido com placas de gesso grosso, na forma de pirâmides de base quadrada (quatro faces), para servir à dispersão vertical;
- as paredes laterais de alvenaria foram forradas com placas de eucatex acústico, modelo furadinho, fixadas sobre barrotes de 7 cm, (para criar um gap de ar de distanciamento da parede de tijolo, como isso otimizando a absorção desse tipo de forro acústico);
- e, em ordem não regular, à direita e à esquerda veem-se placas de madeira, de comprimento desigual, tábuas instaladas em modo inverso, com objetivo de quebrar mínimos paralelismos...
Mas a foto não mostra – pois foi batida do ponto dos assentos a dois terços do comprimento de 10 m da sala – a fotografia não mostra a grossa cortina ao longo de uma parede de pedras toscas, atrás dos assentos, nem a instalação do toca-discos Garrard 301 sobre pilar de concreto nascido desde alicerce de um metro abaixo do chão; para evitar vibrações...
Ao tempo, eu achava que vibração era a culpada de tudo. E não era!
[Note bem o leitor: não é que os aparelhos e suas marcas não sejam importantes; são; mas não são decisivos! Eles per se não levam a reprodução doméstica substitutiva à condição de ótima. Também não é que a forma do ambiente e suas medidas não possuam relevância. Mas tais características por si só não fazem um ambiente de escuta tornar-se ótimo. De igual modo, o fenômeno da vibração pode prejudicar bastante o desempenho dos aparelhos auxiliares, mas as técnicas de não-vibração, só por elas, não os fazem desempenhar ótimo. Segundo minha crença de hoje, nada é mais importante do que o correto controle da reverberação e a qualidade da eletricidade.]
Os mais confortáveis sons que escutei nesses 60 anos de périplo audiófilo, e os de mais agradável sonoridade, todos eles exibiam alguma forma de controle de reverberação e boa qualidade elétrica; e os piores, aqueles de excessiva absorção. O problema é que no mercado de áudio vende-se todo tipo de absorvedores mas nenhum dispositivo para controle da reverberação.
Os filtros de linha, também proclamados mercadologicamente de condicionadores de energia, jamais podem criar a condição de energia pura; jamais! Qualquer fonte de força gerada a partir da rede pública de energia não é nem pode ser pura. Pode ter sido limpa, mas lamentavelmente não se sabe de nenhum processo de limpeza que não “limpe” simultaneamente o sinal de áudio; e o limpe de propósito entre aspas refere-se à atenuação ou eliminação de importantes harmônicos de tons musicais.
Por sorte, podemos ter em casa energia pura em DC, seja a partir de baterias, seja por meio eólico. Mas há um “porém” importantíssimo que só mui recente constatei: o fornecimento dessa energia aos aparelhos eletrônicos do sistema de som tem que ser em DC; qualquer dispositivo inversor, para converter DC em AC, torna a energia apenas filtrada. Por isso que a energia passa a ser “contaminada” pelo circuito eletrônico de inversão uma vez que esse circuito de inversão é também movido a eletricidade não pura da rede pública... Merda!
Meu último “truque” cujo resultado classifico como ótimo foi alimentar os sonofletores eletrostáticos Martin Logan em DC de baterias e, a partir de DC em 12 volts das baterias, o circuito dobrador dos eletrostáticos eleva a voltagem para o tanto necessário à excitação das placas capacitivas, voltagem que é de alguns milhares de volts. (O QUAD eletrostático, por exemplo, requer 6.500 DCV para as placas dos graves e 1.500 DCV para a placa de agudos e médios; a “Clarity” não sei... ainda).
Por outro lado constatei que os amplificadores 300B singled end têm fontes muito bem elaboradas, com retificação à válvula e capacitores de armazenagem de elevado valor, situação que torna esses amplificadores menos sujeitos às variações de voltagem da rede pública e, de certa maneira e em certo grau tais fontes elaboradas dos 300B limpam a corrente de harmônicos espúrios. (Muitos testes me deram a certeza de que ligados via no-break ou diretos na tomada da parede, pouca diferença, se alguma, resulta em benefício da otimização do desempenho sônico dos 300B).
Por agora, estou a usar a corrente provinda dos no-break apenas para os ledores OPPO e Denon, que demandam pouca wattagem; mas, na próxima visita que vou receber do Engenheiro Ricardo Pereira de BH, vamos ver se poderemos alimentar os ledores em DC. Aguardem “novidades”!
* * *
Desculpe meu leitor escoteiro, mas vou abusar de sua paciência e fazer uma Terceira Parte para esta série de textos sobre a afinação de minha vitrola. É que áudio é um assunto chato e, se o artigo for longo demais, cansa, caceteia, enche o saco.
Por Holbein Menezes
05 fev. 2023
(publicado originalmente em 22 jul. 2009, sob o número 172)
Com a morte inesperada de Jarina, ainda abilolado com sua perda, aturdido, mas já afortunadamente apoiado nas mãos amorosas de Hermosa Maria, deixamos a Lagoa da Conceição e regressamos à Fortaleza, onde fomos morar na Rua Frei Mansueto, na confrontação da (in)mansuetude da Avenida da Abolição. Talvez a esquina mais barulhenta do Brasil. Deve ganhar em ruídos ensurdecedores produzidos por gigantescas carretas de muitas rodas que transitam a qualquer hora do dia ou da noite com destino ao cais do Porto. Deve ganhar até das esquinas da N.S. de Copacabana com Santa Clara no Rio. Ou Ipiranga com São João em São Paulo. Ainda assim, no apê alugado e em um de seus quartos construí a gesso-filled number one, que soava bem... mas não soava ótimo. E era o ótimo o que sempre perseguira na afinação de minha vitrola. Por isso, antes do tempo final do contrato de locação “sartei” fora – pela graça de meu poderoso santo padim pade ciço e uma baita multa contratual. E vim para cá, para este bairro plácido do Papicu sobre o parque do Cocó, a última reserva florestal de Fortaleza que políticos e ex-governadores do Estado teimam porque teimam acabar com ela...\
Aqui no Cocó construí a gesso-filled number two. Já divulguei no logos eletrônico foto dessa saleta (aqui), com seu engenhoso sistema disciplinador de reverberação projetado pela pro-acustic do Maurício Grassmann (tel. 11.3023.4742). Sistema de reverberação que me levou ao insight de que sala de alvenaria nenhuma ressoa: o que produz ressonâncias são os sonofletores... de madeira!
A característica principal de uma sala de alvenaria é a reverberação, inclusive dos tons de baixa frequência conhecidos como ressonâncias, tons ressoantes gerados pela vibração das caixas de madeira, torno a dizer; uma vez que, eliminadas as ressonâncias na fonte – com a construção de caixas de material não ressonante tais como tijolo, concreto, mármore, ferro etc. – qualquer sala torna-se boa para a música em conserva; claro, se corretamente disciplinada quanto à reverberação.
Impõe-se a pergunta, ora, e o que torna ótimo um sistema eletrônico para a reprodução do som musical se não são sala nem sonofletores, nem as marcas dos aparelhos?
Poderia dizer a você, meu paciente leitor, numa sintética e quase exclusiva palavra: eletricidade! Porém, antes de eu desenvolver minha alucinógena tese da eletricidade, atente para as considerações abaixo, que vão entre colchetes por tratar-se de “segredo” entre si e mim.
[Em primeiro lugar há que ajustar o sistema à situação concreta do seu dono, ou seja: a. considere seu gosto pessoal e peculiar em música, porquanto a equalização da sala para pop deve ser diferente da equalização para erudito; jazz e MPB requerem mais brilho do que música erudita, pois esta pede mais definição e, por conseguinte, ótima articulação nas baixas frequências; b. leve em conta a curva audiométrica das suas oiças, pois todos perdemos acuidade auditiva com o passar dos anos; c. por fim, apesar de não ser decisivo, não subestime o tamanho físico do ambiente de escuta; ainda que não essencial, se puder, faça-o nas medidas do Segmento Áureo].
“Ajustar ao gosto” não é a mesma coisa que macarrão ao dente. É apetrechar a sala para o gênero de música do gosto maior de seu dono, ou, parodiando a RCA, His master taste.
Ainda a propósito do tamanho e do tratamento do ambiente, devo dizer que não adianta querer, nem a custo de muito dinheiro despendido com aparelhos de grife, nem com as centenas de watts gerados por aparelhos de grande porte, nem mesmo importando técnicos em Acústica do além-mar, pois não adianta querer alojar cinquenta, oitenta ou cem músicos em 35m2, que é a área das medidas do Segmento Áureo para pé-direito de três metros; simplesmente porque em trinta e cinco metros quadrados não cabem tanta gente!
Com isso tenho a coragem de afirmar que se o ambiente é reduzido e não se pode dispor de outro, então reduza correspondentemente a wattagem de seus aparelhos – para salas pequenas uns poucos watts bastam! – e, sobretudo, simplifique os caminhos do sinal. Em tais ambientes pequenos o sistema eletrônico pode se constituir de apenas o ledor e o amplificador, em ligação direta um com outro; isso se o ledor possuir controle de intensidade, como acontece com o excelente OPPO. E não faça uso de falantes difíceis...
Ora, leitor amigo, sonofletores “difíceis” são aqueles que requerem amplificadores de grande potência para desempenhar bem. E por que razão são “difíceis”, porventura você sabe? Porque dentro das caixas de som foi posta uma “máquina de comer” sinal de áudio, os famigerados divisores de frequência, passivos, cujos componentes – bobinas e resistores de ajuste –, transformam em calor grande parte dos sinais de áudio. Quer dizer, é como usar automóvel de dezenas cavalos para transitar nas ruas de São Paulo; ou, em cearês, é o mesmo que servir alfafa para jumentos correrem velozes... no cipoal escasso da seca caatinga!
* * *
Toda essa minha cisma começou na sala de 50 m2 da Praça Dr. Del Vecchio, no Rio Comprido, no Rio. Então, como já disse, atribuía importância demasiada ao ambiente de escuta. Se examinar bem a fotografia da sala, publicada na I Parte deste artigo (veja Jornal 171), meu leitor observará um sem-número de macetes acústicos que se destinavam a otimizá-la:
- dispersores (telhas de amianto) fixados ao longo da parede de tijolos, estes já assentados de forma não nivelada – um tijolo em relação ao outro, isto para lograr boa dispersão;
- cinco placas refletoras de gesso, penduradas no teto, inclinadas, com vistas a criar a situação projetiva das tão decantadas conchas acústicas;
- o próprio teto foi revestido com placas de gesso grosso, na forma de pirâmides de base quadrada (quatro faces), para servir à dispersão vertical;
- as paredes laterais de alvenaria foram forradas com placas de eucatex acústico, modelo furadinho, fixadas sobre barrotes de 7 cm, (para criar um gap de ar de distanciamento da parede de tijolo, como isso otimizando a absorção desse tipo de forro acústico);
- e, em ordem não regular, à direita e à esquerda veem-se placas de madeira, de comprimento desigual, tábuas instaladas em modo inverso, com objetivo de quebrar mínimos paralelismos...
Mas a foto não mostra – pois foi batida do ponto dos assentos a dois terços do comprimento de 10 m da sala – a fotografia não mostra a grossa cortina ao longo de uma parede de pedras toscas, atrás dos assentos, nem a instalação do toca-discos Garrard 301 sobre pilar de concreto nascido desde alicerce de um metro abaixo do chão; para evitar vibrações...
Ao tempo, eu achava que vibração era a culpada de tudo. E não era!
[Note bem o leitor: não é que os aparelhos e suas marcas não sejam importantes; são; mas não são decisivos! Eles per se não levam a reprodução doméstica substitutiva à condição de ótima. Também não é que a forma do ambiente e suas medidas não possuam relevância. Mas tais características por si só não fazem um ambiente de escuta tornar-se ótimo. De igual modo, o fenômeno da vibração pode prejudicar bastante o desempenho dos aparelhos auxiliares, mas as técnicas de não-vibração, só por elas, não os fazem desempenhar ótimo. Segundo minha crença de hoje, nada é mais importante do que o correto controle da reverberação e a qualidade da eletricidade.]
Os mais confortáveis sons que escutei nesses 60 anos de périplo audiófilo, e os de mais agradável sonoridade, todos eles exibiam alguma forma de controle de reverberação e boa qualidade elétrica; e os piores, aqueles de excessiva absorção. O problema é que no mercado de áudio vende-se todo tipo de absorvedores mas nenhum dispositivo para controle da reverberação.
Os filtros de linha, também proclamados mercadologicamente de condicionadores de energia, jamais podem criar a condição de energia pura; jamais! Qualquer fonte de força gerada a partir da rede pública de energia não é nem pode ser pura. Pode ter sido limpa, mas lamentavelmente não se sabe de nenhum processo de limpeza que não “limpe” simultaneamente o sinal de áudio; e o limpe de propósito entre aspas refere-se à atenuação ou eliminação de importantes harmônicos de tons musicais.
Por sorte, podemos ter em casa energia pura em DC, seja a partir de baterias, seja por meio eólico. Mas há um “porém” importantíssimo que só mui recente constatei: o fornecimento dessa energia aos aparelhos eletrônicos do sistema de som tem que ser em DC; qualquer dispositivo inversor, para converter DC em AC, torna a energia apenas filtrada. Por isso que a energia passa a ser “contaminada” pelo circuito eletrônico de inversão uma vez que esse circuito de inversão é também movido a eletricidade não pura da rede pública... Merda!
Meu último “truque” cujo resultado classifico como ótimo foi alimentar os sonofletores eletrostáticos Martin Logan em DC de baterias e, a partir de DC em 12 volts das baterias, o circuito dobrador dos eletrostáticos eleva a voltagem para o tanto necessário à excitação das placas capacitivas, voltagem que é de alguns milhares de volts. (O QUAD eletrostático, por exemplo, requer 6.500 DCV para as placas dos graves e 1.500 DCV para a placa de agudos e médios; a “Clarity” não sei... ainda).
Por outro lado constatei que os amplificadores 300B singled end têm fontes muito bem elaboradas, com retificação à válvula e capacitores de armazenagem de elevado valor, situação que torna esses amplificadores menos sujeitos às variações de voltagem da rede pública e, de certa maneira e em certo grau tais fontes elaboradas dos 300B limpam a corrente de harmônicos espúrios. (Muitos testes me deram a certeza de que ligados via no-break ou diretos na tomada da parede, pouca diferença, se alguma, resulta em benefício da otimização do desempenho sônico dos 300B).
Por agora, estou a usar a corrente provinda dos no-break apenas para os ledores OPPO e Denon, que demandam pouca wattagem; mas, na próxima visita que vou receber do Engenheiro Ricardo Pereira de BH, vamos ver se poderemos alimentar os ledores em DC. Aguardem “novidades”!
* * *
Desculpe meu leitor escoteiro, mas vou abusar de sua paciência e fazer uma Terceira Parte para esta série de textos sobre a afinação de minha vitrola. É que áudio é um assunto chato e, se o artigo for longo demais, cansa, caceteia, enche o saco.